"Que seja doce."(CFA)

quarta-feira, julho 27, 2005

"Eu quero Sins"

imagina se naquele domingo não fosse tua mão. imagina se não te falasse de outro dia. imagina se não tivêssemos sido como fomos. se não tivesse sido eu e meu riso, meu jeito de tirar o cabelo do rosto. se não tivesse sido você e teu olho aceso, teu jeito de contar histórias. imagina se não tivesse acreditado, imagina se você tivesse desistido: esse agora nem traço. isso me encanta e assusta: como o caminho se faz.

eu vou crescendo como posso, cada dia é um espanto. dou um salto e vou decidindo o que posso fazer para aquele sonho de fazer o sonho cada vez mais real. o mais difícil consegui, você diz, de não me acovardar. ás vezes, acho que coragem é um ponto de vista. o que falta é sinceridade de assumir o que se quer de fato. gosto mesmo é de ver teu rosto no final de cada dia e da estranha sensação que tenho de estar no meu lugar. sendo este o lugar onde realmente quero estar. é natural, suspiro, com as mãos no bolso enquanto pisco o olho pra você na janela.

estar inteiro é tão louco quanto amar limpo na cidade laranja.

terça-feira, julho 19, 2005

Volcano- Damien Rice

"don't hold yourself like that you'll hurt your knees
i kissed your mouth & back that's all i need
don't build your world around volcanoes melt you down
what i am to you is not real
what i am to you you do not need
what i am to you is not what you mean to me
you give me miles and miles of mountains
and i’ll ask for the sea

don't throw yourself like that in front of me
i kissed your mouth and back is that all you need?
don't drag my love around volcanoes melt me down
what i am to you is not real
what i am to you you do not need
what i am to you is not what you mean to me
you give me miles and miles of mountains
and i’ll ask for the sea

what i give to you is just what i’m going through
this is nothing new no no just another phase of finding
what i really need is what makes me bleed
and like a new disease she’s still too young to treat
volcanoes melt me down
she’s still too young
i kissed your mouth
you do not need me"

sexta-feira, julho 15, 2005

Sopro

(*ouvindo O, Damien Rice)

Alguma coisa se move no escuro. Alguma coisa se espreguiça quando a luz do sol reflete no muro de tijolos vermelhos do lado de fora. Um pouco do seu cheiro fica no travesseiro embora você nunca se deite comigo naqueles lençóis ásperos. Imagino. Nada demais, nada que possa descrever quando todos dormem. Além dos meus olhos, outros olhos de vidro observam além da parede e fico doente demais. Escrevo cartas como quem não sabe mais contar as mesmas velhas histórias que empoeiram até desaparecerem no canto do quarto.

Tenho saudade de quando podia chegar e bater palmas na porta dessa casa, mas o Tempo tem dessas, não há nada a fazer senão enxugar as palmas vazias e sorrir quebrado para quem passa. Vai tudo bem ou ficamos combinados assim. Um desastre é só mais um desastre, existe uma outra saída no fundo daquele baú de madeira pesada que cismam em guardar meus antigos escritos. Há um caminho sem pegadas de gente, onde os barulhos não são deste mundo e por isso mesmo, devem acalmar meu sono inquieto.

Este rosto que adoro, tem curvas duras escondendo uma carne macia e uma vontade tão doce.....algo que por mais que suba e tente enxergar distante, não vejo final. Fica sempre mais um pouco quando você se despede, como um resto de calma na garganta, um pouco de silêncio no peito e meus pés me guiam até a porta de casa, como se meu corpo fosse um cavalo acostumado.

Não me perturbe, Sombra, não me perturbe. Sei dos fins, das rupturas, das mentiras, das falsas promessas, vamos lá, passei por solavancos na estrada antes de chegar até aqui. Mesmo assim, Sombra, você tenta me entender com seus vazios e nada, absolutamente nada me explica, eu sei, nada me estabelece, apenas uma força teimosa de continuar e ser, a tal coisa certa que muitos nem sabem como, quero e faço, por mais difícil que pareça, sempre será mais penoso tentar enganar e sangrar ruim como qualquer destino ordinário, mas me deixe, Sombra, não me acorde tarde da noite, amargando minha boca, tecendo tramas para envenenar minha pele, toda essa força para provocar meu avesso tão inútil, eu não tenho medo porque sei da minha morte possível em todas as quedas e quantas meninas são necessárias para o sacrifício de estar lúcida.

Distante, ainda ouço a música. Não se assuste se um dia me recusar a cantar em seu ouvido. Alguma coisa em você é tão tranquila e certa de si mesma, alguma coisa em você me pacifica, faz com que feche todas as portas e escancare as janelas para o novo que não faço idéia, eu sonho agora entre os minutos que você conta o seu dia e faço planos, como quem desaprendeu a se encolher quando toca as cicatrizes.

minuto sôfrego

Quero ouvir, quero saber, minhas mãos quando vasculham, procuram, saqueiam e não sei ainda o quanto de mim será tirado porque provo estes venenos sozinha, sempre, não sei dividir estes abismos quando eles se abrem subitamente quando todos já foram e meus bolsos vazios e a falta de explicação para ainda tanto ruído dentro do vasto, existe uma outra, que ainda, ainda, ainda me persegue sem pronunciar seu nome e crava unhas nas costas, sussurrando uma estrela distante e uma sorte avessa que não me pertence, não me pertence mais.

sexta-feira, julho 08, 2005

Reality Call

Á medida que eu acordo mais e mais, prefiro a realidade do que as velhas histórias que um dia ouvi. Não preciso resgatar o que fui, em qualquer concessão que fiz, nenhuma roubou o meu caráter. Cada vez mais quero o essencial das coisas: ele me diz que a coisa certa nem sempre é a melhor a se fazer, mas prefiro assim, do meu jeito, muito mais limpo meu rastro, você sabe. Gosto de olhar, acompanhar com atenção cuidadosa, perceber cada detalhe, entender de dentro: olho de águia, lince, escolha o bicho que te agrada, minha natureza não se transforma assim ao gosto do público. Veio aqui, me perguntou: você não se sente mais real hoje? Sorri, quase posso sentir o gosto do meu sangue, mas continuei calada(não perco mais meu tempo tentando me explicar como antes).