Oh Baby, i just have to let you go
"Stay or leave
I want you not to go
But you should
It was good as good goes
Stay or leave
I want you not to go
But you did" (* Stay Or Leave, Dave Matthews)
Um animal teimoso que em vão tenta guardar a porta que não existe mais.
Dolorosamente acordar todos os dias, tentando apenas entender que é preciso, é preciso resistir, aceitar ou qualquer outra coisa que distraia.
A luta entre esquecer ou não, seu rastro, seu nome, seu cheiro limpo.
Ter medo da memória, tão selvagem quanto eu.
"Remember we used to dance
And everyone wanted to be
You and me
I want to be too
What day is this?
Besides the day you left me?"*
Meu gosto pelo caminho certo, pelo mais díficil.
Te deixar ir sem distrações, sem outra boca, corpo, carne sem colocar outro nome.
Saber que os sentidos não se enganam, saber que a pele não aceita substitutos.
Ouvir conselhos, convites e sorrir vazio, recusar-se.
Transformar o amor em alguma outra coisa que se carrega tanto tempo que se esquece dentro dos bolsos.
Tornar você um país onde por tanto tempo estive exilada.
Não é tão estranho: anos aprendendo tua língua, anos aprendendo a caminhar dentro de você como se dentro de mim e esquecer finalmente o caminho para fora.
Retornar da viagem sem saber como voltar para mim mesma.
Aprender todas os graus de dor: da afiada que te põe muda, da absoluta que te torna indiferente. Mas é preciso, embora ainda dentro, sinta um debater estranho, é preciso, meu bem, te deixar ir, não é?
"So what to do
With the rest of the day's afternoon, hey
Well isn't it strange how we change
Everything we did
Did I do all that I could? "*
Não posso mais ganir indefinidamente enquanto ninguém olha.
Vou acreditar que todo amor dorme e cantar doce para que este, enfim, adormeça, para que possa também sarar por completo.
Meu bem, estive aqui por tanto tempo, guardando tua porta, mesmo sabendo que você não voltaria, que você não poderia voltar.
Você, que ama outra.
Um animal sentimental teimoso como eu, meu bem, sem a sua capacidade de trocar amor como quem troca um quadro de lugar, uma peça de roupa; um animal sentimental por meses lambendo a ferida que teimava em não fechar.
Enfim, perceber que é preciso, é preciso finalmente te deixar ir, meu bem.
Simplesmente, não se debater mais como um afogado, em desespero.
É preciso então aproveitar as malas prontas, limpar as gavetas: em outra rua, traçar novas coordenadas, reinventar-se.
Amor como habilidade, sendo mais fardo que dom; amor como uma fratura na alma, que estala e dói nos dias frios.
Te deixar ir, um The End na alma, para começar outro filme que ignoro o final.
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