"Que seja doce."(CFA)

sexta-feira, abril 15, 2005

Meninas e seus segredos- ou quando uma menina canta

chan marshall
(texto inspirado em duas meninas fantásticas Chan-Cat Power e Jujuba Mendes)

Would you let me walk down your street naked if i wanted to... Ela me ligou no meio da rua, tráfego intenso, a voz nervosa, fez das suas costumeiras acusações e nada, eu olhava para você lembrando do medo, da fraqueza confessa da noite passada; perdida entre a dor alheia e a solidão espessa de quem encontra nos versos, os ecos que ninguém percebe. Éramos quantas na noite passada? Eu, você, nossos amores, a poeta-pássara, a escritora das águas turvas...segredos são sempre os mesmos, dores idem, mas por que raios somos tão diferentes, pensava, querendo um sentido mais atento, de lince, sem saber que os linces não se deixam perturbar fácil assim.

Would you let us walk down your streets naked if we all wanted to... o Mundo é do tamanho que o percebemos, ás vezes, vejo embaçado porque perto demais e o rosto dele é de um desses cíclopes de filme sessão da tarde, mas eu o desejo, ciclope ou não, e meu corpo procura conforto/abrigo/febre quando encontra o dele, mas a carne é a mesma, minha ou sua, o desejo só muda a forma, o objeto, mas o veludo da língua encontra o gosto doce , on my time, my sweet time....A maneira que buscamos, desastrada ou não, serena ou não, a vontade de encontrar enfim, desta, talvez desta, descansar as armas, ignorar os jogos e as máscaras, deixar-se corajosamente nu, enfim, e não temer. Esquecer das adagas, do gosto de sangue na boca, da dor do antes e simplesmente ostentar esta nudez como um estandarte, uma ousadia sagrada, coisa assim.

And I got no mercy, I’ll pay you before I die....um dia, faz tempo, me debrucei na janela errada, lembro, mas enganos nos levam a estranhos lugares: esta manhã, debrucei-me sobre ele e escutei sua respiração calma, coloquei meu rosto em seu peito e ouvi a batida do coração para ter certeza de sermos concretos, reais, você entenderia, certamente. Alguns momentos parecem tão frágeis e no entanto, são estes que permanecem além de nós, como uma música na memória: não, a melodia não se perde.

Porque meu corpo está mal-acostumado...

nine songs

"Oh I do believe
In all the things you say
What comes is better than what came before
And you'd better come come, come come to me
Better come come, come come to me
Better run, run run, run run to me
Better run" ( I found a reason, Velvet Underground cantado por CatPower-Chan Marshall)

Tradução: "oh, eu acredito
em todas as coisas que vc diz
O que vem é melhor do que veio antes
e é melhor que vc venha, venha para mim
Melhor que venha, venha, venha para mim
Melhor que corra, corra corra, corra para mim
Melhor que corra"

segunda-feira, abril 11, 2005

Feito Tatuagem

(ao nosso aniversário, doce)
Se você bebesse desse silêncio quando te vejo, nunca mais terias sede....

Amor nunca foi de ninguém além de meu. Amor não guerreia nada, amor dorme nos teus longos cílios, quando risco na memória o contorno do teu rosto como se meus dedos fossem lápis. O carvão desliza no papel carne, a curva do queixo, tuas costas, os desenhos que teu corpo oferece, como orientações de um mapa: em você, me encontro, sabendo que sou livre; de você, me desenlaço para o deleite do retorno. Suaves Silêncios entre palavras e sorrisos, mordidas da tua boca na minha e a maneira que me toma nos braços e levanta: sou criança de braços abertos no alto, sorvete no copo, a língua gelada.

De noite, uivos que ninguém percebe de loba em lua minguante frente à fogueira onde mulheres se reúnem para celebrar o mistério de serem berço do Mundo, é pra você que danço, com a saia cheia de espelhos e desejo meu rapto para este teu mundo de manhãs.

Com sorte, um dia te escrevo, cartas definitivas, palavras precisas quase flechas, mirando certeiras, fatais. Mas guardo estas pedras que reluzem nas mãos, aperto forte, como se não pudesse perdê-las (e não posso). Não ouso um passo em falso fora de meu silêncio de quem observa com fascínio e ternura, tatuagens internas doem mais ou menos, meu bem, você saberia dizer? Arriscamos em vão tantas, tantas fiz, tantas ouvi, não, meu bem, acreditar é outra coisa, calada, calada, em minha mudez é que te confesso meus sins, meus graves e profundos sins, minha delicada declaração de amor.

quarta-feira, abril 06, 2005

Porque não existe controle

Filme bacana.

sexta-feira, abril 01, 2005

Além dos Sentidos


“Should I feel the moment with you,(Deveria sentir este momento com você)
To softly whisper, ( para gentilmente sussurrar)
I crave nothing else so much, (Eu não busco nada além disso)
Longing to reveal, (Desejando revelar)
Total honesty, (Honestidade Total)

I can feel your touch (Posso sentir o seu toque) (Mourning Air, Portishead)


Ás vezes há silêncio entre as bocas para que a carne busque entendimento. O Vital pode caber entre estas paredes, posso fazer de mim mais do que apenas gente, mas palco, janela, cálice, fruta e assim tornar este mundo que nos une possível. Inventar um sol que queime, que não nos cegue e more dentro do músculo, banhado em sangue sem ser mórbido.

Querendo escrever sobre desejo só consigo senti-lo, querendo escrever sobre amor, temo só fazê-lo perder a beleza que está justamente no recato de recusar-me a desnudá-lo com palavras. Por isso, talvez, queira apenas tua presença perto da minha, pois não há nada que mereça conhecimento além do nosso. Você: bem mais que minha pedra da sorte.