quinta-feira, janeiro 27, 2005
Not selling cheap
Para as festas de rock, as segundas que amanhecem terças e....
"Oh, make me over
I'm all I want to be
A walking study
In demonology
Hey, so glad you could make it
Yeah, now you really made it
Hey, so glad you could make it now
Oh, look at my face
My name is might have been
My name is never was
My name's forgotten
Hey, so glad you could make it
Yeah, now you really made it
Hey, there's only us left now
When I wake up in my makeup
It's too early for that dress
Wilted and faded somewhere in Hollywood
I'm glad I came here
With your pound of flesh
No second billing cause you're a star now
Oh, Cinderella
They aren't sluts like you
Beautiful garbage beautiful dresses
Can you stand up or will you just fall down
You better watch out
What you wish for
It better be worth it
So much to die for
Hey, so glad ....
When I wake up in my makeup
Have you ever felt so used up as this?
It's all so sugarless
Hooker/waitress/model/actress
Oh, just go nameless
Honeysuckle, she's full of poison
She obliterated everything she kissed
Now she's fading
Somewhere in Hollywood
I'm glad I came here
With your pound of flesh
You want a part of me
Well, I'm not selling cheap
No, I'm not selling cheap" (Celebrity Skin, Hole)
quarta-feira, janeiro 19, 2005
Deve haver algum sentido em mim que basta
Cia. Teatro Autônomo
"Se eu juntar tudo que me resta no fim desse dia, será que alguma coisa terá mudado?
Mesmo assim terá acontecido.
Se eu olhar de novo e não me lembrar mais, terei eu que mentir a minha vida?
E se tudo estiver diferente, quando eu voltar lá, conseguirei repetir se tudo estiver acabado?
Inventar alguma história.
Reinventar uma história para mim.[ ]
Para que a necessidade de juntar esses fragmentos, sim, estes que restam em mim?
Experimentar algum sentido, diria.
Dar algum sentido.
Inventar uma história que seja o bastante.
Reinventar sua história.
Olhar outra vez pra não se identificar mais.[ ]
Os lugares vazios.
Deve haver. " (Flávio Graff -do encarte da peça)
sexta-feira, janeiro 14, 2005
"If you can keep a secret...."
"Pour l'amitié,
L'amitié entre hommes et femmes
Impensable
Parce que, il y a toujours
Sous jacent
Le désir animal" ( Serge Gainsbourg em The Ballad of Melody Nelson, a Placebo cover)
Translation:
"For the friendship,
friendship between men and women
unthinkable
Because, there is always
Under Unclaimed
The animal desire"
terça-feira, janeiro 11, 2005
Um outro Coração de Vidro*
(outro título de um livro de José M.)
“Hoje tenho quarenta e oito anos e às vezes na minha saudade eu tenho impressão que continuo criança(...)Hoje sou eu que tento distribuir as bolas e as figurinhas, porque a vida sem ternura não é lá grande coisa. Ás vezes sou feliz na minha ternura, ás vezes me engano, o que é mais comum.
Naquele tempo, no tempo do nosso tempo, eu não sabia que muitos anos antes, um Príncipe idiota ajoelhado diante de um altar perguntava aos ícones, com os olhos cheios d'água:
"POR QUE CONTAM COISAS ÀS CRIANCINHAS?"
No centro da cidade, as árvores chovem. É preciso usar guarda-chuva para atravessar a praça, onde mulheres e homens trazem rostos voltados para o chão. Poderia dizer que tanto faz, mas mentira. Vejo os vincos na boca da senhora de cabelo mal-pintado: linhas que caem, tristes ou sérias. Um andar do prédio de janelas verdes queima, os papéis fazem fumaça cinza que se mescla ao céu nublado. Fundir, misturar-se mas encontrar o caminho de volta: foi o que ele disse ao ouvido da mulher enquanto esta insistia em sonhar noite adentro. A madeira estala no piso, o metal expande e contraí as estruturas, quando chove, pode-se ouvir o chiado de tudo que se acalma depois de ferver dia inteiro.
De dentro do carro verde metálico, a menina se encanta com os vapores que saem do asfalto enquanto a mãe se aborrece com meninos montados em latas de lixo, fazendo malabarismos com bolinhas sujas: “eles atrapalham o trânsito”, ela diz enquanto confere o esmalte das unhas, mas a menina não acha. No carro azul ao lado, um homem atende o celular com ar aborrecido e ouve a voz familiar: “alarme falso”, ele balbucia alguma coisa como “podemos tentar de novo”, mas intimamente sente um certo alívio e tamborila no volante uma canção qualquer. Um rapaz de motocicleta sem capacete, impacientemente fica acelerando a moto enquanto aguarda o sinal livre e pensa que ontem, por um triz, não derrapou em uma das curvas do Joá, “quem sabe um dia?” pensa sorrindo, os pinos dentro da perna doem e por isso, ele sabe que vai chover.
O ar quente do quarto acorda a carne que encontra o frio das coisas que pensamos conhecer conteúdo e, no entanto, são vazias. Uma mulher levanta antes que o despertador toque, caminha pelo corredor sem precisar acender as luzes, abre a geladeira, escolhe uma maçã e senta-se no parapeito da janela. Respira longa e pausadamente o ar aparentemente limpo da manhã. Aguarda os sinos da igreja para saber a hora certa de arrumar-se para o trabalho. Não tem pressa porque não precisa. Uma criança corre em disparada pelo pátio e cai, machucando os joelhos: ela sorri quando o menino de cabelos vermelhos se debruça e gentilmente, remove seus cabelos do rosto, para poder ver seus olhos, pergunta se está tudo bem e, pegando-a pela mão, a leva até o bebedor, onde lava seu machucado. Depois, despede-se dela, criança, e pegando seus livros, direciona-se aos portões.
Sem olhar para os lados, um menino de cabelos vermelhos atravessa a rua, um carro verde metálico não consegue parar a tempo, “os freios, merda, esqueci dos freios”, ela pensa quando atinge a carne compacta, imagina o aborrecimento de chamar a polícia, prestar socorro, “logo na frente do colégio da menina”, olha o esmalto gasto das unhas e pensa aborrecidíssima que terá que desmarcar a manicure. A menina a tudo assiste e corre em direção ao corpo largado perto do meio-fio, inerte: toca seu rosto, enquanto a mãe grita “não toque nele, você não sabe quem é”, e delicadamente tira o cabelo ensangüentado da testa. Os olhos parados por um instante se movem e encontram os da menina. Só por um instante e é grande o silêncio. Insuportavelmente grande. Até que os barulhos da rua, os gritos da mãe, as sirenes da ambulância, acordam a pequena de seu transe, e por mais, que as pessoas a rodeiem e distraiam, ela sabe: está estilhaçado o coração de vidro vermelho que pulsa dentro das coisas que conhece como suas. Quebrado pra sempre.
sábado, janeiro 08, 2005
Espelho
"Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
Eu tenho mais de 20 anos
E eu tenho mais de mil perguntas sem respostas
Estou ligada num futuro blue
Os meus pais nas minhas costas
As raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros
O sangue jorra pelos furos pelas veias de um jornal
Eu não te quero
Eu te quero mal
Essa calma que inventei, bem sei
Custou as contas que contei
Eu tenho mais de 20 anos
E eu quero as cores e os colírios
Meus delírios
Estou ligada num futuro blue
Os meus pais nas minhas costas
As raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros
O sangue jorra pelos furos pelas veias de um jornal
Eu não te quero
Eu te quero mal
Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
Eu tenho mais de 20 anos" (20 anos Blues, vital na voz de Elis Regina)