"Que seja doce."(CFA)

sexta-feira, outubro 01, 2010

busca

se eu me atrevesse e dissesse, finalmente dissesse:
meu deus, se eu fosse pequena e simples e calma e boa, se eu pudesse ter em mim esse lago de sossego e pudesse sussurrar todas as coisas que eu vejo de frente ou através das outras.... meu deus, se tivesse coragem de confessar que me dói um gesto ou palavra displicente, que eu perco o rumo e não gosto de ir para casa, que ás vezes sou muito só e ás vezes isso não me diz nada e é um alivio.... meu deus, se n me contivesse perante ao que me maravilha, se tocasse, se acolhesse sem pensar duas vezes seguindo o meu impulso, esse mesmo impulso que te pôs um dia no centro e depois fora dele......meu deus, se eu chorasse no centro da sala para provar que não sou forte, que sou apenas, meu deus, sou apenas e também terrivel e selvagem e que mesmo assim, é preciso dar espaço, dar uma palavra de efeito luminoso em dias febris.........meu deus, estou aqui e tenho medo e ás vezes acredito que não é sem sentido, que não estou louca porque ás vezes parece muito certo porque é para ser, e vários clichês depois, é preciso mudar a orbita, a opinião e a palavra....
há quem viva de devorar esfinges, mas conheço minha fome e meu deus, como dilacera saber o caminho, saber o caminho ou sentir a frequencia.... há um ruido desconcertante entre aquilo que vc sente e aquilo que vc diz, eu sei, estou aqui ouvindo e por isso, me concentro, me concentro para ouvir e ás vezes não consigo.
meu deus, se esticasse a mim mesma, como se minha pele suportasse o esforço, alguem poderia simplesmente dizer não é preciso e me permitir não precisar, não ter que, mais um malabarismo.
eu descobri que sei isso que chamam de amor, descobri isso que sei que é partir e meu deus, como ás vezes parece tudo convergir para um mesmo ponto, um mesmo ponto onde parece estar perdido e me desespero e no escuro, me encolho, pequena, pequena, e choro horas seguidas, e me humanizo, dolorosamente para me tornar um dia, um dia, alguem que eu sempre fui antes de perder.....e de repente, talvez quando nada, nada, nenhum gosto, som, toque, puder vibrar em mim o nome que pulverize a sombra, amanheça em mim e haja aquilo que mais espanta: mais uma possibilidade.
meu deus, se eu recomeçar como antes, quantos começos ainda posso até o final da musica, quantos ainda, apesar de, quantos ainda impensaveis começos serei capaz até me tornar um dia, um dia, alguém que sempre fui e vc nunca pode conhecer.
( trecho escrito ouvindo Better Days, Eddie Vedder)

sexta-feira, julho 02, 2010

entre todos e tudo

este cansaço. esta vontade de berrar no meio da rua. essa gana de arrancar os cabelos. este desassossego.
vir até aqui não é facil, nem ao menos pretende ser. estar aqui é como todo dia começar do zero, sem santuário, sem mão que possa ser agarrada no meio da noite.
ele não era meu farol, nem meu norte. ninguém nunca me poupou da verdade, coração. ng nunca teve a clemencia de me livrar um pouco , um segundo que fosse, da verdade.
como se em mim não doesse, como se em mim houvesse uma desculpa para cada falta alheia, sempre a verdade chutada, esmurrada, cuspida.

em mim, há uma potencia destrutiva que adoraria nunca mais, apenas isso, nunca mais, e varrer todas as coisas que ainda permanecem de pé depois de tanto desastre.
existem demolições bem piores que aquelas que enxergamos. existem desconstruções que deixam apenas uma estrutura oca, sem qualquer utilidade.
meu dia é um desviar que não cessa. meu dia inteiro, coração, é saber que existe sempre um ou dois querendo a carne na ponta da lança.
e todo dia se repete como se não mudássemos nunca, como se estivessemos parados, petrificados, estupidos. corro para dentro, cada vez mais dentro de mim mesma, chegando ao ponto de não escutar o que me falam bem perto do ouvido.
hoje, não habito meu corpo.

chegue mais perto , coração, tão perto que escute o seu pensamento e ele me distraia, me faça rir, me faça sentir alguma leveza, alguma ideia de saída, de clemencia. chegue mais perto, coração, acorde a carne, me chame a atenção, me faça voltar a ouvir, voltar a sentir o sol na pele.
hoje, sou uma idéia. sem corpo, uma idéia.
uma ideia com um nome.
só isso.

domingo, junho 20, 2010

everybody hurts sometimes- rem

esperar que alguem de novo desperte, como quem dorme dentro do proprio sonho e é refem dele.
a porta aberta não é suficiente se não há ninguem em casa, ela me diz, com um sorriso quebrado. vários passos depois, nem mesmo a tacita proibição imposta faz com que deixe de olhar o que não vive mais.

por entender o mecanismo deste coração, não posso prometer não ferir e correr.
eu nunca acreditei, meu bem, nunca, nem mesmo quando não tinhamos nenhum defeito a não ser a fome, nem mesmo neste tempo em que tudo era perturbador e perfeito, nem mesmo quando era desnecessário termos nomes e chamarmos por eles, nem mesmo assim, acreditei. esperava que você desistisse em algum ponto, onde ficasse mais obvio. secretamente, esperei também que você me desapontasse e conseguisse ficar. mesmo sabendo que você não era dos que sobrevivem, mas daqueles que ficam do outro lado, acenando, apenas acenando e prometendo lembrar para sempre.

logo eu que não acredito em absolutamente nada querendo ardentemente, alguem que me contradiga.

então, é assim? é assim que se resiste: fingindo calmamente que ainda se sente.
esperar que um dia o proprio coração se surpreenda.
enquanto isso, dobrar as roupas, abrir as janelas nos dias frios, ler livros e ver filmes. caminhar enquanto todos dormem e tirar as cartas de tarô que sussurram que tudo, um dia, ficará bem.
olhar as coisas, compadecer-se algumas vezes por si mesma e por outros e teimosamente continuar porque a teimosia assim parece ditar.

enquanto isso, o amor continua como a lembrança mais dolorosa, que faz encolher o corpo, perder o rumo e beber demais quando não se deve. porque a vontade de gritar é imensa, porque não existem mais grades brancas, porque no final de tudo, sempre soube que quem sofre mais é exatamente aquele que tem coragem ou loucura suficiente para saltar quando sabe que estrá sozinho no fim da queda.

no final, a asa partida, o grito, o quarto vazio, a falta de ponto de apoio: tudo isso é meu e não te pertence.

sábado, maio 15, 2010

Song to the siren

talvez seja verdade.
o amor é infinito e aguarda. como a água aguarda nas nuvens, antes da chuva.
o mais comum dos milagres, como a chuva. um acontecimento.
sem que tenha um nome, sem que pertença a um rosto, um corpo alheio ao meu.
ás vezes, caminho até o Antigo, com os pés descalços, para ter um pouco do que parece ter sido perdido (e não foi).
os animais rosnam lá fora mas estão cegos e não sabem meu cheiro. as unhas vermelhas me lembram que há muito não choro.

terça-feira, abril 20, 2010

Dos Gestos

observo vc. n sei o exato momento que passei a observar você, como quem olha para um aquário. observo vc.

espero algumas vezes que vc desista e confesse. mas vc é como todo mundo e eu sou uma outra coisa sem nome.

ouço sobre vc. travo defesas sem discrição alguma. ouço e vc n sabe o quanto confia de si mesmo a outros. ouço sobre vc.

vc n diz nada. quero enconstar no teu ombro e ficar muda por alguns minutos. vc n sabe.
eu sou um bicho faminto por delicadezas.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

No regrets

"If you had enough information. We could predict the consequences of our actions.
Would you want to know?
If you kissed that girl.
If you talked to that man.
If you take that job or marry that woman.
If we knew what would happened in the end
Would we ever be able to take that first step?
To make the first move?" (Code 46)

primeiro dia, marco zero. start.
tempo demais tentando driblar a memoria para descobrir, afinal, que nao importa.
o que se viveu nao pertence a materia do presente, esta ja nas folhas, nas fotos arquivadas, na lembranca antiga da pele. nada a desfazer.
todos os desacertos, febres, cicatrizes, risadas, amores desfeitos, desejos atendidos, teimosias: tudo me trouxe ate aqui.
na verdade, nao importa o quanto me deixe quebrar, continuo resistindo, no final.
so eu e minhas escolhas.
na ilogica matematica dos acontecimentos, me descubro mais corajosa do que aparento.
e muito mais forte.
enquanto alguns continuam querendo apenas mais do mesmo, persisto, querendo tudo que pode ser enquanto estamos aqui.

primeiro dia, marco zero.
estou viva.
ou melhor, estou acordada.
tenho a memoria a meu favor e uma vontade persistente de seguir em frente.

um novo dia.
recomeco.

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Ah, and by the way...

IT'S ALL HAPPENING!!!!!

Whole Lotta love


Enough of sad times, cats!