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se eu me atrevesse e dissesse, finalmente dissesse:
meu deus, se eu fosse pequena e simples e calma e boa, se eu pudesse ter em mim esse lago de sossego e pudesse sussurrar todas as coisas que eu vejo de frente ou através das outras.... meu deus, se tivesse coragem de confessar que me dói um gesto ou palavra displicente, que eu perco o rumo e não gosto de ir para casa, que ás vezes sou muito só e ás vezes isso não me diz nada e é um alivio.... meu deus, se n me contivesse perante ao que me maravilha, se tocasse, se acolhesse sem pensar duas vezes seguindo o meu impulso, esse mesmo impulso que te pôs um dia no centro e depois fora dele......meu deus, se eu chorasse no centro da sala para provar que não sou forte, que sou apenas, meu deus, sou apenas e também terrivel e selvagem e que mesmo assim, é preciso dar espaço, dar uma palavra de efeito luminoso em dias febris.........meu deus, estou aqui e tenho medo e ás vezes acredito que não é sem sentido, que não estou louca porque ás vezes parece muito certo porque é para ser, e vários clichês depois, é preciso mudar a orbita, a opinião e a palavra....
há quem viva de devorar esfinges, mas conheço minha fome e meu deus, como dilacera saber o caminho, saber o caminho ou sentir a frequencia.... há um ruido desconcertante entre aquilo que vc sente e aquilo que vc diz, eu sei, estou aqui ouvindo e por isso, me concentro, me concentro para ouvir e ás vezes não consigo.
meu deus, se esticasse a mim mesma, como se minha pele suportasse o esforço, alguem poderia simplesmente dizer não é preciso e me permitir não precisar, não ter que, mais um malabarismo.
eu descobri que sei isso que chamam de amor, descobri isso que sei que é partir e meu deus, como ás vezes parece tudo convergir para um mesmo ponto, um mesmo ponto onde parece estar perdido e me desespero e no escuro, me encolho, pequena, pequena, e choro horas seguidas, e me humanizo, dolorosamente para me tornar um dia, um dia, alguem que eu sempre fui antes de perder.....e de repente, talvez quando nada, nada, nenhum gosto, som, toque, puder vibrar em mim o nome que pulverize a sombra, amanheça em mim e haja aquilo que mais espanta: mais uma possibilidade.
meu deus, se eu recomeçar como antes, quantos começos ainda posso até o final da musica, quantos ainda, apesar de, quantos ainda impensaveis começos serei capaz até me tornar um dia, um dia, alguém que sempre fui e vc nunca pode conhecer.
( trecho escrito ouvindo Better Days, Eddie Vedder)