Zingarina....... ( For J.S)
Ele pensa saber o que fala.
Diz que a rede depende do peixe.
A isca, ele diz.
São dois que não se encontram nas ruas do bairro abandonado.
Ele gosta de cantar naufrágios“Muitos anos de mar”, o coração geme.
Marujos contam vantagens de amor em cada porto,
Enquanto o amor em lugar algum espera...
O amor não usa vestido, nem pinta os olhos,
Não afia as unhas, não molha os lábios com a língua,
O amor, sereia, é como o Mar.
“Selvagimenso”
Um outro Mundo.
Ele não conta tombos, cortes, afogamentos,
Nada que lembre o humano passível de morte.
O costume da liberdade de ser ninguém em todos os lugares,
Um corpo entre corpos.
O peregrino.
-“não conheço ninguém que tenha tomado porrada na vida”!!!!-
Amor deixa cicatrizes, sereia,
A tentativa de amar deixa cortes como quem tenta o suicídio.
Desafio não é te dar minha febre mas mostrar meus pulsos cortados.
Avisar que sou encantada,
De um outro povo,
Que ainda desconheço minha origem,
Que minha pele muda quando anoitece,
Que meus olhos se tornam mais claros quando choro (e que choro muito),
Que minha gargalhada é estranha e meu gosto doce.
Mas quem pretende ser Sereia não conta seu passado de terra,
Mostra suas escamas porque o brilho é único
Porque para muitos parece ser suficiente.
E canta com doçura bastante para derreter metais.
São dois que não se encontram nas ruas do bairro sujo.
Não se encontrarão.
Algumas histórias são melhores assim, Sereia,
Barcos naufragam mais de uma vez?