Uma coisa a toa
“In silence we still talk
By the light of stereo waltz
And will you rain down
In your cinematic love truck
I wanna hold you like nothing gonna stop us....
I don´t breathe another lover
I´m an alien You´re an alien
It´s a beautiful rain” (Alien, Bush)
Não sei se isso é medo. Agora, quase quatro da tarde, procuro uma palavra. Sem pista alguma. Quero mandar uma frase para você, do Murilo Mendes. Uma frase ás quatro da tarde. Como um modo de dizer que estou aqui. Mas de repente, meus pulmões arranham. Um saco de gatos: pretos, brancos, malhados. Eles, aqui dentro com suas unhas afiadas, fazendo estrago. A copeira diz que mel resolve, o moço diz que um copo de água e sal ajuda e só consigo lembrar do livro que estou lendo onde um moço diz a outro: “para escrever é preciso nunca estar satisfeito”.
Talvez eu me canse agora que a roda gira mais rápido, meu passado não existe, e o agora parece sobrar como um camisa grande demais. Quando você anda pelas ruas, quase perco o pouco nos meus bolsos, comprando fitas e balas e brilhos para te agradar. E nada agrada o teu jeito inquieto, me vejo, voltando para casa, sem lembrança de beijo para facilitar o sono. Sento aqui, nesta cadeira, ouvindo a minha respiração desafinada, fico inventando um filme onde eternamente, eternamente qualquer coisa assim, secreta, aconteceria entre nós. Um filme para dois, só para dois, você entende? Sem contar a ninguém onde fui, para a mágica do desaparecimento funcionar. Quem sairia primeiro da cartola na sala escura?
Ouço punk rock, só consigo usar estas botas gastas, balançando a cabeça, vou andando: volto quando amanhece. No distante, alguém acena, esperando que diga que onde ando está raso, mas sei que o fundo do azul nada tem de macio. É um alívio perceber que ainda estamos vivos depois de afogamentos e naufrágios. Da janela, vejo que o sol transforma a lataria dos carros em espelhos, o mar brilha e tudo parece calmo visto de cima. Ouço punk rock e sei que esta quietude das coisas é aparente. E perigosa.
Dedos nas teclas se acostumam dia pós dia. Você acha que me conhece, mas cheguei ontem aqui e não reconheço ninguém. Você insiste em me chamar por outro nome, pouco a pouco vou perdendo o arredio quando percorro as mesmas ruas. Vejo demais, por isso, aumento o volume até que meus olhos só consigam enxergar a porta de saída. Estamos sempre correndo perigo quando nos julgamos a salvo, as meninas desconhecem meu sangue, você sabe.
Eu vim de outro lugar.
By the light of stereo waltz
And will you rain down
In your cinematic love truck
I wanna hold you like nothing gonna stop us....
I don´t breathe another lover
I´m an alien You´re an alien
It´s a beautiful rain” (Alien, Bush)
Não sei se isso é medo. Agora, quase quatro da tarde, procuro uma palavra. Sem pista alguma. Quero mandar uma frase para você, do Murilo Mendes. Uma frase ás quatro da tarde. Como um modo de dizer que estou aqui. Mas de repente, meus pulmões arranham. Um saco de gatos: pretos, brancos, malhados. Eles, aqui dentro com suas unhas afiadas, fazendo estrago. A copeira diz que mel resolve, o moço diz que um copo de água e sal ajuda e só consigo lembrar do livro que estou lendo onde um moço diz a outro: “para escrever é preciso nunca estar satisfeito”.
Talvez eu me canse agora que a roda gira mais rápido, meu passado não existe, e o agora parece sobrar como um camisa grande demais. Quando você anda pelas ruas, quase perco o pouco nos meus bolsos, comprando fitas e balas e brilhos para te agradar. E nada agrada o teu jeito inquieto, me vejo, voltando para casa, sem lembrança de beijo para facilitar o sono. Sento aqui, nesta cadeira, ouvindo a minha respiração desafinada, fico inventando um filme onde eternamente, eternamente qualquer coisa assim, secreta, aconteceria entre nós. Um filme para dois, só para dois, você entende? Sem contar a ninguém onde fui, para a mágica do desaparecimento funcionar. Quem sairia primeiro da cartola na sala escura?
Ouço punk rock, só consigo usar estas botas gastas, balançando a cabeça, vou andando: volto quando amanhece. No distante, alguém acena, esperando que diga que onde ando está raso, mas sei que o fundo do azul nada tem de macio. É um alívio perceber que ainda estamos vivos depois de afogamentos e naufrágios. Da janela, vejo que o sol transforma a lataria dos carros em espelhos, o mar brilha e tudo parece calmo visto de cima. Ouço punk rock e sei que esta quietude das coisas é aparente. E perigosa.
Dedos nas teclas se acostumam dia pós dia. Você acha que me conhece, mas cheguei ontem aqui e não reconheço ninguém. Você insiste em me chamar por outro nome, pouco a pouco vou perdendo o arredio quando percorro as mesmas ruas. Vejo demais, por isso, aumento o volume até que meus olhos só consigam enxergar a porta de saída. Estamos sempre correndo perigo quando nos julgamos a salvo, as meninas desconhecem meu sangue, você sabe.
Eu vim de outro lugar.
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