"Os poemas são para nós uma ferida"
(Trechos escolhidos de Inéditos e Dispersos, Ana Cristina César)
"Não está morrendo, doçura
Assim como eu disse: daqui a dez anos estarei de volta.
Certeza de que ainda nos reencontramos.
Doçura, não está morrendo.
Barca engalanada adernando,
mas fixa: doçura, não afoga"
"surpreenda-me amigo oculto
diga-me que literatura
diga-me que teu olhar
tão terno
diga-me que neste burburinho
me desejas mais que outro
diga-me uma palavra única."
"Não respondo de medo. Medo da pressa dos inteligentes que arrematam a frase antes que ela acabe. E porque não tem resposta. Qual o segredo por trás disso tudo? Como te digo que desejo sim meu cônjuge, meu par, que não proclamo mas meu corpo pêndulo nessa direção? Que meu par é quem quer saber e dá, a benção, as palavras: em nome do pai, e da filha, qual é o endereço? o interesse? o alvo do raio? a vida secreta do Sr. Morse? Alguém viu- o sossego do urso? Alguém ficou fraco diante de sua mãe? Alguém disse que é pra você que escrevo, hipócrita, fã, cônjuge craque, de raça, travestindo a minha pele, enquanto gozas?"
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