Quando Ana mente
“You try to tell yourself the things you try tell yourself to make yourself forget to make yourself forget
I am not worried "If it's love" she said, "then we're gonna have to think about the consequences" cause she can't stop shaking and I can't stop touching her and.....This time when kindness falls like rain it washes her away and Anna begins to change her mind.” (Anna begins, Counting Crows)
"Pra que mentir se tu ainda não tens esse dom de saber iludir?
Pra quê?! Pra que mentir se não há necessidade de me trair?
Pra que mentir, se tu ainda não tem a malícia de toda mulher?" (Noel Rosa e Vadico, Pra que mentir?)
As mentiras, ah, as mentiras bestas de Ana me seduziam...a fraqueza, a covardia, a humanidade imperfeita espelhada em Ana. Seus olhos falavam comigo. Diretamente. Não era lá muito confortável, admito. Ser visto, realmente visto, por alguém e ainda conseguir sentir as palavras na retina alheia. Ela não se importava com meu embaraço, jeito grave, honesto de olhar que suspeitei ser só de Ana. Acostumado que estava a pessoas que olham para os outros e até a si mesmas como coisas, o meu assombro era compreensível. Reconhecíamo-nos como dois perdidos em um mundo de cegos, como naquele livro do Saramago.
As mentiras, ah, as mentiras estúpidas de Ana me atraíam, como clichês ridículos que escritores sem talento gostam de usar. Insistentemente, dia após dia após dia, cada falsidade era um novo brilho em suas escamas. Ana era dragão queimando com seu hálito quente meus sonhos, sereia cantando docemente meu naufrágio. Ana era minha descoberta maligna, minha queda de anjo, meu despertar avesso. Aprendi as vogais, as consoantes, os pontos de exclamação, as pausas dos longos cílios negros. Tanto fiz que sabia por eles, só por eles, o que ela sentia. Foi assim que percebi o primeiro eu te amo na dilatação das pupilas. Não ousava pedir qualquer explicação, pelo contrário, com certo alívio recebia suas imperfeições: suas tentativas de iludir davam gosto, se poderia assim explicar, eram o amargo do meu amor.
As mentiras, ah, as mentiras tolas de Ana eram pérolas de uma encenação que em nada lhe era peculiar. Como se ela disfarçasse até para si mesma sua verdadeira identidade. Com estes mesmos olhos que fitam o papel, podia ver a alma de Ana, o que ela poderia ter sido, o que ainda restava imaculado. Eu via o intocável de Ana e por ele, apenas por ele, me apaixonava. Disfarcei como podia essa comunicação infalível. Era meu segredo? sina? estrela? Não acreditando em destino, desconfiava de uma certa conjuração de astros, um posicionamento peculiar que nos favorecesse. Eram desculpas românticas tecidas por minha mente agitada, que construía planos impossíveis de tão ingênuos.
(continua)
As mentiras, ah, as mentiras bestas de Ana me seduziam...a fraqueza, a covardia, a humanidade imperfeita espelhada em Ana. Seus olhos falavam comigo. Diretamente. Não era lá muito confortável, admito. Ser visto, realmente visto, por alguém e ainda conseguir sentir as palavras na retina alheia. Ela não se importava com meu embaraço, jeito grave, honesto de olhar que suspeitei ser só de Ana. Acostumado que estava a pessoas que olham para os outros e até a si mesmas como coisas, o meu assombro era compreensível. Reconhecíamo-nos como dois perdidos em um mundo de cegos, como naquele livro do Saramago.
As mentiras, ah, as mentiras estúpidas de Ana me atraíam, como clichês ridículos que escritores sem talento gostam de usar. Insistentemente, dia após dia após dia, cada falsidade era um novo brilho em suas escamas. Ana era dragão queimando com seu hálito quente meus sonhos, sereia cantando docemente meu naufrágio. Ana era minha descoberta maligna, minha queda de anjo, meu despertar avesso. Aprendi as vogais, as consoantes, os pontos de exclamação, as pausas dos longos cílios negros. Tanto fiz que sabia por eles, só por eles, o que ela sentia. Foi assim que percebi o primeiro eu te amo na dilatação das pupilas. Não ousava pedir qualquer explicação, pelo contrário, com certo alívio recebia suas imperfeições: suas tentativas de iludir davam gosto, se poderia assim explicar, eram o amargo do meu amor.
As mentiras, ah, as mentiras tolas de Ana eram pérolas de uma encenação que em nada lhe era peculiar. Como se ela disfarçasse até para si mesma sua verdadeira identidade. Com estes mesmos olhos que fitam o papel, podia ver a alma de Ana, o que ela poderia ter sido, o que ainda restava imaculado. Eu via o intocável de Ana e por ele, apenas por ele, me apaixonava. Disfarcei como podia essa comunicação infalível. Era meu segredo? sina? estrela? Não acreditando em destino, desconfiava de uma certa conjuração de astros, um posicionamento peculiar que nos favorecesse. Eram desculpas românticas tecidas por minha mente agitada, que construía planos impossíveis de tão ingênuos.
(continua)
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