noite
"It's always best when the light is off
It's always better on the outside
Fifteen blows to the back of your head
Fifteen blows to your mind...."
o mesmo olhar, o mesmo perfume na janela, o mesmo senso de perder chão, o mesmo, mais do mesmo, meu irmão....vamos brindar um dia desses, vamos correr pelas ruas quando estiverem vazias, tenho saudades do meu bairro abandonado, meus passos indo para a antiga casa....do escuro de antes.
a noite aqui tem outros barulhos, sabe? outros rostos e muitos vazios. as luzes são poucas nas varandas, desconfio que vivo no meio de edifícios abandonados.
"Kill me Sarah,
kill me again with love,
it's gonna be a glorious day..."
não posso te confessar nada, são tantos os que gostam de escutar atrás, vc sabe, meu irmão, mas gostaria tanto de poder lhe contar qualquer coisa nova, inventar alguma história, algo que nos acendesse como há muito, vc sabe, há muito...falta uma voz, uma voz para formar o coro, o chão da cidade subitamente se abre e nos engole, inteiros, a cidade não sabe mastigar, meu irmão. não tenho bolsos, não tenho vícios, não tenho quem me diga assim baixinho com ar de nunca mais:
"hey man, slow down, slow down,
idiot, slow down, slow down..."
não consigo olhar pra trás com ar muito sábio, vc sabe, olho e não vejo nada. mania de enterrar os mortos e apagar rastros. marco zero todo dia. desaprendi a suspirar, desaprendi quase tudo, talvez para aprender de novo, dessa vez, quem sabe? ele me olha de perto me olha e eu não vejo nada, meu irmão. estou aqui, com esse novelo que vive desenrolando, fios soltos em toda parte, felinamente, não sei, conto meus nãos como contas de um colar que guardo para usar em uma noite especial que cisma em não chegar.
(trechos de Radiohead)
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