sudden
usar um método estranho, de conseguir e deixar o que se consegue.
não vale nada, não importa? vc não queria tanto, não pediu e mesmo assim, mesmo assim,
as garrafas retornam vazias sem mensagens....eu lembro de uma outra época, onde as cercas pareciam menores.
não, os anos não me tornaram menor, entenda, apenas percebia diferente: o ritmo era outro, mais cadenciado, mais simples de seguir. não havia tanto barulho.
as pessoas não dormem mais. não dormem e não sonham. se sonhassem, mesmo acordadas, elas não teriam esse olhar embaçado, essa necessidade estranha de julgar tudo. coleciono frases erradas. guardo como se fossem pedaços de vidro que estragaram na fábrica e deixaram de se tornar copos, para serem apenas resto, um quase objeto. ouço o zumbido das frases como se elas fossem insetos que batessem na janela. insetos cegos. palavra e intenção: um abismo entre e as línguas não cansam.
a vida não tem começado tarde? ou cedo demais? a vida tem começado de qualquer forma, antes mesmo de conseguirmos entender. antes mesmo de aprendermos a respirar. a vida é como um tiro, para quem range os dentes. a vida é como um piscar de olhos, pra quem suspira. a vida é um relampejar, para quem sente demais.
no meio da seca, ele. a sede parece encher a garganta de areia, ele sopra e os grãos desaparecem, faz mágica e nem sabe: ele.
no meio do deserto, ele: abre os braços e nasce do Nada, tanta vida que transborda, um oásis. ele.
o cheio de mar vem até aqui, nos alcança. nos protege? nos guarda? nos purifica? temos o coração fechado por nossas mãos em concha. aqui o Mal não pode. aqui não. aqui só eu. ele. nós.
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