Um futuro Blue*
(* Escrito ouvindo as músicas "20 anos Blues" e "Mal Secreto")
Acordo porque meu corpo lateja, porque tenho medo, saudade e ânsia por saber o que vem depois. Depois do encanto, do desacerto ou da risada: me intriga o modo como se sucedem acontecimentos, pessoas e o filtro dos sentidos. Perdi o interesse por querer que soubessem dos poetas, versos decorados não são garantia de um coração disposto a levar o tiro ou de um anjo a perder as asas. Confessar que estou ligada no tal futuro blue, dia de sol atrás do outro, sendo os dias de chuva feitos para serem passados na cama, entre febres e risos. São tantos os riscos que eu corro ao apagar a luz, beijar tua boca, tirar a camisa e dispor-me assim, é perigoso, eu sei, já pensei estar antes na borda, equilibrando-me entre o vôo e a ameaça deste, mas não, enquanto lá fora, alguns fingem estarem limpos, banhando-se cada vez mais na água suja, escapo da miséria de ser para correr perigo ao apagar a luz, beijar tua boca, tirar a camisa e....
Acordo porque meu corpo lateja, porque me espanto com o quanto calo enquanto sussurro uma ou duas músicas no teu ouvido e durmo um sono sem sonhos. Entre desmaios e suspiros, eu vejo teu sorriso na janela e penso que tenho mais de vinte anos. Caminho entre o claro e o escuro, mas seguro sua mão para que me lembre que existo e sou concreta como uma coisa qualquer, porque ás vezes perco-me entre as luzes dos apartamentos, o barulho dos carros e as campainhas que tocam anunciando, anunciando, quem?, não pergunto. Sangro em algumas luas e me escondo porque piso esquisito como se carregasse peso em um corpo cansado demais. Se escolher a palavra que sorri, suspensa no teto do meu quarto, ela me perdoaria por precisar lhe dizer não? Se puder o que ele teme ser impossível, então, isso faria de mim alguém digno de virtude? Balanço a cabeça perto da janela e fecho os olhos porque a luminosidade me cega.
Acordo e quero a ousadia de escolher certo uma única vez, sinto a falta da tranqüilidade de saber do teu corpo na cama, acolhendo o meu. Tenho impulso de quebrar o perfeito das horas que passamos juntos com minhas fraquezas, que são duras como pedra, como um moleque quebra vidraças com prazer destrutivo. Talvez tenha este mal secreto que me faz cantarolar a canção até que enrouqueça: a bússola que me oferecem, coloco na mesa com desinteresse. O espaço onde pensam ser seguro parece outra prisão mal-disfarçada: é preciso ver além do conforto que a covardia nos proporciona com sua falta de sobressaltos e riqueza de lugares comuns.
Tenho medo desse olhar que reconheço no espelho, que espera sempre o grão duro no meio da calda doce, machucando a boca, quebrando dentes. O ar de ave arisca esperando um movimento em falso, jeito de fera de afiar as garras para defender-se do golpe, coisa de bicho que não tem dúvida quando deseja, quando pensa, quando sente.
Acordo porque meu corpo lateja, porque me espanto com o quanto calo enquanto sussurro uma ou duas músicas no teu ouvido e durmo um sono sem sonhos. Entre desmaios e suspiros, eu vejo teu sorriso na janela e penso que tenho mais de vinte anos. Caminho entre o claro e o escuro, mas seguro sua mão para que me lembre que existo e sou concreta como uma coisa qualquer, porque ás vezes perco-me entre as luzes dos apartamentos, o barulho dos carros e as campainhas que tocam anunciando, anunciando, quem?, não pergunto. Sangro em algumas luas e me escondo porque piso esquisito como se carregasse peso em um corpo cansado demais. Se escolher a palavra que sorri, suspensa no teto do meu quarto, ela me perdoaria por precisar lhe dizer não? Se puder o que ele teme ser impossível, então, isso faria de mim alguém digno de virtude? Balanço a cabeça perto da janela e fecho os olhos porque a luminosidade me cega.
Acordo e quero a ousadia de escolher certo uma única vez, sinto a falta da tranqüilidade de saber do teu corpo na cama, acolhendo o meu. Tenho impulso de quebrar o perfeito das horas que passamos juntos com minhas fraquezas, que são duras como pedra, como um moleque quebra vidraças com prazer destrutivo. Talvez tenha este mal secreto que me faz cantarolar a canção até que enrouqueça: a bússola que me oferecem, coloco na mesa com desinteresse. O espaço onde pensam ser seguro parece outra prisão mal-disfarçada: é preciso ver além do conforto que a covardia nos proporciona com sua falta de sobressaltos e riqueza de lugares comuns.
Tenho medo desse olhar que reconheço no espelho, que espera sempre o grão duro no meio da calda doce, machucando a boca, quebrando dentes. O ar de ave arisca esperando um movimento em falso, jeito de fera de afiar as garras para defender-se do golpe, coisa de bicho que não tem dúvida quando deseja, quando pensa, quando sente.
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