"We need to concentrate on more than meets the eye"*
"There are twenty years to go
A golden age I know
But all will pass and end too fast you know
There are twenty years to go
And many friends I hope
Though some may hold the rose
Some hold the rope
That's the end - and that's the start of it
That's the whole - and that's the part of it
That's the high - and that's the heart of it
That's the long - and that's the short of it
That's the best - and that's the test in it
That's the doubt - the doubt, the trust in it
That's the sight - and that's the sound of it
That's the gift - and that's the trick in it
You're the truth, not I" (20 years, Placebo)
Procurar-se, procurar-te, desistir, isso não é uma guerra, amor guerreia amor, eu sei tantas poesias e musicas e frases de filmes e assim, mesmo assim, mesmo e ainda assim, eu espero pela palavra certa dentro que nasça e simplesmente consiga explodir o que espera seu nascimento. Concentrar-me em saber, em olhar para o fundo desse poço e saber da água, que posso bebê-la, que não há nada lá embaixo, desistir das cenas assustadoras do cinema, buscar um sentido que nos refaça e que sejamos assim mais do que coisas andando. Porque as coisas se movem mesmo que não as olhe, as coisas se movem e mudam de tom ao longo do dia e dentro em breve, teu rosto, este rosto que desconheço e que desejo, também se desfará como um monte de areia sendo soprado e essa visão de brevidade me comove.
Que a verdade não será minha assim como compro esse jornal e recorto a foto que amarelará dentro de um caderno qualquer. Que o sentir de bolero não pertence e as tardes tristes de tão cinzas ou belas de tão cinzas, que a chuva caindo grossa entre as árvores, as placas de ferro explicando um passado que ninguém se dá ao trabalho de ler, as letras se alinham e desalinham para deleite dos olhos acostumados ao comum de acordar, trabalhar, comer, dormir e em intervalos, caçar em beijos o que não sabemos, o que suspeitamos que o outro guarda, a tal verdade, dolorosa, perfeita ou simplesmente tocável, passível de gosto, cheiro e um nome. Mas o nome não importa, não interessa e sim a verdade que talvez se encontre entre a carne e o que fazemos dela quando nos encontramos. Por favor, nunca me abrace, mas fique mais um pouco e me olhe assim de cima como olho pra você, como se estivéssemos o mais alto possível e longe do resto do mundo. Porque nada disso será meu além da ilusão de pertencer coisas como se não fosse uma delas. Eu sou.
A mão que passa em minha testa, a língua que preenche a minha boca, os sentidos alertas que embaçam, a má-intenção e a virtude, a promiscuidade da pureza, procurar a sombra dentro das coisas belas, a sujeira das coisas perfeitas, eu quero provar destes e outros sabores e ainda assim ainda assim conseguir olhar para você, de cima, como você me olha, mas ao mesmo tempo quero a liberdade de poder esconder-me do atento instinto, da curiosidade mordaz de querer decifrar-me em tudo, me possua e me liberte, não suporto o amor encaixotado e sombrio das grandes cidades, com seus esgotos e ratos e pombos, quero um verde tom nos nossos encontros, quero ouvir o mar no teu peito batendo como nas pedras.
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