Mais uma dose
Ás vezes, todas as bocas dizem sim. Embora pergunte em que elas concordam, elas sorriem e se escancaram e dizem sim, sim, sim. Cuide-se quando nada fizer sentido, porque nada faz sentido na noite quando piscamos os olhos. Teus traços finos, teu gosto comum, tudo se confunde no meu bolso com o cigarro que acendo, com a saudade de um corpo que se recuse a ser carne. Veja bem dentro quando não restar mais ninguém real nesta sala repleta, quando todos gritarem o refrão, quando eu levantar as mãos como se enfim livre, veja bem dentro dessas miragens e sinta o que ainda verdadeiro dentro do que perdemos. Os nomes se acumulam e confundo-me quando chamamos nuvens, nuvens, não é á toa que chove torrencialmente sob nossos pés: uma mão desconhecida me resguarda da multidão.
E as afirmativas continuam quando migramos, feito pássaros sem rumo, aprendendo entre quedas, você sabe o quanto grito sem que me ouçam, você desconfia o quanto sei de teus passos nesta rua que pensamos desconhecida? Trate-a como se nunca tivesse existido. Saiba dizer que está tudo bem, arrisque-se um pouco mais por isso que chamam milagre e identifico como destino. Trate-a como um bicho que se deixa domesticar por cansaço. Não confesse fatos, histórias, a página em branco permanece para que o nome se escreva, quase definitivo. Eu que não rezo, peço que me recusem, que digam não, não, não, essas bocas convidativas que não sabem outro caminho. Porque estou morta e tão incandescente, como um fantasma que se sabe mistério, como um corpo que se sabe perecível carne.
Nas esquinas, os papéis de jornais são bem-vindos, pois aquecem. Caminho na estrada, com a algazarra de desconhecidos ao fundo. Eles não contam o mal que me fazem como se você pudesse detalhar o mapa da danação. Esperneio sem que percebam, finjo dramas que fazem rir, sou mais triste quando minhas mãos procuram a porta deste abrigo, trancada para quem ainda se julga puro demais. Perdi o tesouro, porque nada consigo trazer comigo. Estou tão nua quanto vim ao mundo, mas não se compadeça, o desejo é uma capa que nos esconde a pele machucada.
E as afirmativas continuam quando migramos, feito pássaros sem rumo, aprendendo entre quedas, você sabe o quanto grito sem que me ouçam, você desconfia o quanto sei de teus passos nesta rua que pensamos desconhecida? Trate-a como se nunca tivesse existido. Saiba dizer que está tudo bem, arrisque-se um pouco mais por isso que chamam milagre e identifico como destino. Trate-a como um bicho que se deixa domesticar por cansaço. Não confesse fatos, histórias, a página em branco permanece para que o nome se escreva, quase definitivo. Eu que não rezo, peço que me recusem, que digam não, não, não, essas bocas convidativas que não sabem outro caminho. Porque estou morta e tão incandescente, como um fantasma que se sabe mistério, como um corpo que se sabe perecível carne.
Nas esquinas, os papéis de jornais são bem-vindos, pois aquecem. Caminho na estrada, com a algazarra de desconhecidos ao fundo. Eles não contam o mal que me fazem como se você pudesse detalhar o mapa da danação. Esperneio sem que percebam, finjo dramas que fazem rir, sou mais triste quando minhas mãos procuram a porta deste abrigo, trancada para quem ainda se julga puro demais. Perdi o tesouro, porque nada consigo trazer comigo. Estou tão nua quanto vim ao mundo, mas não se compadeça, o desejo é uma capa que nos esconde a pele machucada.
As bocas nunca descansam quando demora a amanhecer. Quem sou, senão esta que gargalha despedaçada na janela? Como se a queda não permitisse a reconstituição da cena do crime, continuamos. O sabor da covardia é doce.
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