"Que seja doce."(CFA)

terça-feira, novembro 21, 2006

Sex and Pixies

"Sitting here wishing on a cement floor
Just wishing that I had just something you wore"
é como uma ameaça, é como ter A peste,
é como pisar um caminho diferente,
por se sentir livre dentro da própria pele.
a contramão do tédio de viver sob licença.

"Run outside in the desert heat
Make your dress all wet and send it to me"
um corpo dança na pista vazia, com os olhos fechados
com um sorriso na boca pelo prazer de ser carne e estar vivo.
os quadris fazem oitos perfeitos, as mãos desenham no ar quente,
a música fala de febre, de vontade, de desejo...
um corpo se move de acordo com as palavras, guiado por sentidos que também sentem fome. nada o incomoda, nada o interrompe, o corpo dança para si mesmo, como se conversasse com o próprio sangue, numa linguagem única, íntima.
um corpo que não busca a permissão de outros corpos, que não precisa de aceitação, passe ou senha: ele É.
cada músculo, cada osso, cada poro ameaçadoramente livre.
o corpo transpira uma liberdade absurda para quem o assiste e é covarde. porque ele ousa, não sente culpa, não se ressente...
o corpo transgride porque não pensa sobre si mesmo,
ele não está doente do julgamento do olhar alheio.

"Bloody your hands on a cactus tree
Wipe it on your dress and send it to me"
ela morde a boca, com força,
quer estar inteira, presente, concreta
"não me deixe ir longe demais"
ele segura o seu rosto como um quadro,
desenha em sua boca, com a língua,
respiram um dentro do outro,
fugitivos, exilados,
o mundo é um deserto e arde na pele,
"isso entre eu e vc" ele diz,
ela vê os desenhos de serpentes nos braços
ela vê as fogueiras enquanto sonha acordada
"isso entre eu e vc" ela diz?pensa?sussurra?
dentro dos olhos, o perigo do espelho
dentro do corpo, a densidade do quasar.
ele segura com força, ela sente o peso das mãos em seus ossos
oferece seu pescoço, "vc quer meu sangue?"
não ter medo de perder o limite,
não ter medo do que fere,
o risco,
a dor,
o desejo,
o visceral,
o mundo é um deserto calcinante,
é grande a sede,
beber da saliva do outro,
devorar decifrando,
são dois que se desafiam?
aliados guerreando mesmo lado?
eles tremem,
eles não sabem as respostas e não se importam.
em comum, o horror á morte que enxergam
em todos que se satisfazem
com metades, com o suficiente.
o mundo é um deserto e eles andam sozinhos.